UNIVERSIDADE DA MADEIRA

GRUPO DE ASTRONOMIA


Como nasce uma estrela

As estrelas nascem a partir de nuvens de gás e poeira (nebulosas) existentes no espaço interestelar. Estas nuvens são, regra geral, muito extensas e muito frias. Se a nuvem for perturbada (por exemplo pela passagem de uma estrela nas suas proximidades, pela explosão de uma estrela vizinha,...) então parte dela pode começar a colapsar por ação da força da gravidade (a mesma força que faz cair os objetos na Terra). Uma vez iniciado o processo, gás e poeiras vão caindo a um ritmo cada vez mais acelerado, em direção a uma região central. Essa região acaba por aquecer à medida que a concentração de matéria aumenta. Forma-se, assim, aquilo a que chamamos uma proto-estrela (ver figura 1).


Figura 1 - Esta é uma imagem da região denominada R Corona Australis obtida na banda do infravermelho. Nesta região, que dista cerca de 500 anos-luz do Sol, podemos ver diversas proto-estrelas (vermelho) e algumas estrelas jovens (azul) [Créditos: UH88/Nedachi et al.].

Para que se forme propriamente uma estrela resta um último e importante passo: a temperatura da região central tem de aumentar o suficiente para que possam ocorrer reações de fusão nuclear. Nestas o Hidrogénio, que é o elemento mais abundante no Universo e, por isso, também o principal constituinte da nuvem de gás inicial, é continuamente convertido em Hélio.  A fusão nuclear do Hidrogénio em Hélio liberta grandes quantidades de radiação. Essa radiação ao ser emitida faz pressão sobre as camadas mais exteriores da estrela contrariando a força da gravidade que aponta exatamente para o centro da estrela. Atinge-se, assim, um estado de equilíbrio que confere à estrela uma vida mais ou menos longa e estável (ver figura 2).


Figura 2 - Numa estrela atuam dois tipos de forças: 1) força gravítica (aponta para o centro); 2) pressão exercida pela radiação libertada pelas reações nucleares que ocorrem no seu interior (aponta para o exterior). Estas forças equilibram-se mutuamente possibilitando à estrela uma vida muito longa (pode ir até aos milhares de milhões de anos) [Laurindo Sobrinho 2001].

No caso do Sol esta fase dura há pelo menos 5000 milhões de anos e podemos contar com mais outros tantos anos até que o Sol entre noutra fase da sua evolução: fase de gigante vermelha. Nas estrelas de maior massa todo o processo é mais acelerado pois a força de gravidade a apontar para o centro é também mais forte. Assim as estrelas que têm uma vida estável mais longa são as de menor massa.

Laurindo Sobrinho

( Maio 2011 )


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