UNIVERSIDADE DA MADEIRA

GRUPO DE ASTRONOMIA


Observação do mês

Nº 2 - Fevereiro 2002


CANIS MAJOR

Ao cair da noite ergue-se, a partir do lado Nascente, um pouco descaído para Sul, a constelação de Canis Major (Cão Maior). O ponto chave para a identificação desta constelação é a sua estrela Sirius a mais brilhante no céu nocturno. No mapa seguinte pode localizar-se a constelação de Canis Major (CMa) em relação às constelações vizinhas, em particular em relação à constelação de Orion objecto da observação do mês anterior.

 

 

Sirius (a-CMa) - Com uma magnitude aparente de -1.5 é a estrela mais brilhante no céu nocturno. A sua massa é de cerca de duas massas solares e o seu diâmetro é também duas vezes o do nosso Sol.  A sua luminosidade é 20 vezes superior à do Sol. No entanto não é apenas por isso que é a estrela mais brilhante. O enorme brilho de Sirius é também consequência  do facto de ser uma das estrelas mais próximas do Sol, encontrando-se apenas(!) a 8.7 Anos Luz de distância. Betelgeuse, por exemplo, é, em termos absolutos, muito mais luminosa do que Sirius. No entanto Betelgeuse está muito mais distante (300 AL).

Sirius é uma estrela branca (A1) da sequência principal (V). A variedade de tonalidades, que porventura se possam observar, são devidas apenas a fenómenos atmosféricos.

Sirius tem uma companheira de magnitude 8. Trata-se de um a estrela muito pequena e densa do tipo anã branca normalmente designada por Sirius B. O facto de estar muito próximo de Sirius (Sirius A) dificulta a sua observação estando apenas ao alcance dos grandes telescópios.

Wezen (d-CMa) - Em árabe Wezen significa Peso. Podemos, por isso, considerar que o nome dado pelos árabes a esta estrela é de facto apropriado uma vez que esta estrela tem cerca de 20 massas solares. É uma supergigante luminosa que liberta 100 000 vezes mais luz do que o Sol. Como está a 3000 AL de distância a sua magnitude aprente acaba por ser de apenas 1.9. Se Wezen estivesse a 8.7 AL, como acontece com Sirius, então brilharia tanto como a Lua e o céu nocturno nunca estaria verdadeiramente escuro.

Aludra (h-CMa) - É também uma supergigante luminosa que liberta 50 000 vezes mais luz que o Sol. Dista do nosso Sistema Solar 2500 AL e tem uma magnitude aparente de 2.4. Se Sirius estivesse à mesma distância então a sua magnitude seria de 11 e não seria visível a olho nu, nem através de pequenos equipamentos.

Na tabela seguinte estão representados alguns dos dados relativos a sete estrelas da constelação de Canis Major (as sete assinaladas a amarelo na figura anterior) onde se incluem as 3 estrelas que acabamos de descrever em maior detalhe.

Nome Designação magnitude Classe Tipo Espectral Distância
(AL)
Sirius a CMa -1.5 V A1 8.7
Mirzam b CMa 2.0 II B1 733
Wezen d CMa 1.8 Ia F8 3000
Aludra h CMa 2.4 Ia B5 2500
Adhara e CMa 1.5 II B2 500
Phurud z CMa 3.0 V B3 300

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s CMa 3.5 Ib K8 1500

 

Na figura anterior estão também assinaladas as localizações dos objectos M41 (NGC 2287) e NGC 2362. Tratam-se de dois enxames abertos. Os enxames abertos são conjuntos de estrelas geralmente jovens com uma origem comum. A sua população pode ir desde as dezenas até as centenas de estrelas.

O enxame aberto M41 tem cerca de 50 estrelas entre as quais uma gigante laranja de magnitude 7.0.  Ocupa uma área do céu equivalente à da Lua cheia. Está a uma distância de 2500 AL do Sol. A magnitude do enxame, como um todo, é de 5.0. Quer isto dizer que,  com boas condições de visibilidade é visível a olho nu, surgindo nesse caso, como uma pequena mancha difusa. Com binóculos é possível identificar as estrelas mais brilhantes do enxame e com o recurso a pequenos telescópios muitas mais se podem observar.

O enxame aberto NGC 2362 está ao dobro da distância de M41, ou seja, dista 5000 AL do Sol. A sua magnitude aparente é de 4.0. Os seus cerca de 40 membros estão agrupados de uma forma muito mais compacta do que os de M41. É caracterizado por uma gigante azul-branca de magnitude 4.0

 


Grupo de Astronomia da Universidade da Madeira - 2002