UNIVERSIDADE DA MADEIRA

GRUPO DE ASTRONOMIA


Observação do mês

Nº 6 - Junho 2002


HERCULES

Este mês propomos uma visita à quinta maior constelação dos céus: Hércules. A identificação desta constelação pode ser, de início, um pouco difícil uma vez que as suas estrelas são em geral pouco brilhantes. Recomenda-se em primeiro uma boa  identificação do "quadrado" formado pelas estrelas pi-Her, epsilon-Her, zeta-Her e eta-Her. Depois pode partir-se, por exemplo, para beta-Her e alfa-Her.

fig 1 - A constelação de Hércules e as suas vizinhanças.

 

Nome

Designação magnitude Classe Tipo Espectral Distância
(AL)
Ras Algethi alfa-Her 3.1-3.9 Ib-II M5 ?
5.4 III G5
Ruticulus beta-Her 2.8 III G7 100
- zeta-Her 2.8 IV G0 32
- eta-Her 3.5 III G8 80
- pi-Her 3.1 II K3 400
- epsilon-Her 3.9 V A0 100
- ró-Her 5.5 V A0 300
4.5 III B9
- 95-Her 5.0 III A5 300
5.2 III G8

 

Ras Algethi (alfa-Her) é uma super gigante vermelha cuja magnitude aparente varia aleatoriamente entre 3.1 e 3.9. É uma das maiores estrelas conhecidas tendo um raio certamente superior ao da órbita de Marte em torno do Sol. Contudo, como não sabemos com rigor a distância a que se encontra não sabemos exactamente qual o seu tamanho. A observação com pequenos telescópios revela a existência de uma segunda estrela de magnitude 5.4. que apresenta tons esverdeados contrastando claramente com o alaranjado da estrela principal.

Outro sistema binário observável a partir de pequenos telescópios é ro-Her (localizada ao lado de pi-Her). Este sistema é formado por uma estrela da sequência principal de magnitude 5.5 e uma gigante de tom azul-branco com magnitude 4.5.

Porventura mais difícil de localizar será 95-Her. Quando visto a olho nu o sistema aparenta ser uma estrela de magnitude 4.3. Pequenos telescópios resolvem essa estrela num sistema composto por duas estrelas de magnitude 5.0. Uma das estrelas deverá apresentar um tom prateado (tipo espectral A) ao passo que a outra deverá apresentar um tom dourado (tipo espectral G).-

Entre as estrelas eta-Her e zeta-Her fica o grande enxame globular M13 (ver figura 2). Neste aglomerado de apenas 100 anos luz de diâmetro residem cerca de 300 000 estrelas. M13 é um dos cerca de 150 enxames globulares presentes no Halo da nossa Galáxia e dista cerca de 22800 anos luz do Sol. É o mais brilhante nos céus do Hemisfério Norte com uma magnitude parente de 5.8. Observado a olho nu faz lembrar uma estrela de quarta magnitude desfocada. Em pequenos telescópios aparece como uma pequena mancha nebulosa mais densa em direcção ao centro. Telescópios maiores conseguem separar grande parte das estrelas do enxame.

 

fig 2 - Localização dos enxames globulares M13 e M92

 

Existem outros enxames globulares na constelação de Hércules. O enxame globular M92, embora menos luminoso que M13, é também um objecto interessante para a observação com pequenos telescópios (ver figura 2). Para o localizar podemos, por exemplo, imaginar que forma com pi-Her e eta-Her os vértices de um triângulo (quase equilátero). M92 tem uma magnitude aparente de 6.4 pelo que muito dificilmente poderá ser visto a olho nu. Dista cerca de 26400 anos luz do Sol.

Her-X1 é uma das fontes de raios X mais estudadas. O espectro de Her-X1 mostra uma periodicidade de 1.2378 segundos. Isso significa que ao fim de cada 1.2378 segundos a estrela completa uma revolução em torno de si própria! Estamos provavelmente perante um pulsar, ou seja, uma estrela de neutrões a rodar muito rapidamente. Existe uma segunda periodicidade associada a esta fonte: ao fim de cada sete dias o sinal é interrompido. Obviamente que Her-X1 faz parte de um sistema binário. Mais tarde veio a identificar-se a companheira de Her-X1 à qual se deu o nome de HZ-Her. Este sistema dista cerca de 20000 anos luz do Sol.


Grupo de Astronomia da Universidade da Madeira - 2002